Um certo olhar sobre a Procrastinação
Um Certo olhar sobre a Procrastinação
O termo procrastinação origina-se do latim PROCRASTINATUS onde PRO significa à frente e CRASTINATUS de amanhã, para amanhã, dia seguinte. Trata-se de um verbo, ação ou condição com uma propriedade temporal de adiar, deixar para depois, "jogar" para um momento no futuro.
No campo psicológico este tipo de comportamento está associado ao estado de ânimo, motivação ou até inspiração como veremos um pouco mais à frente. As causas relacionadas à procrastinação podem ter vários fatores como ansiedade, problemas com auto estima, medo de reprovação entre outros transtornos diversos. No campo da neurociência há literatura que aponta ligações entre procrastinação e algum comprometimento na área do córtex pré frontal, isto porque esta área corresponde às atuações de foco, atenção, direcionamento, objetividade, relação com o mundo externo e controle dos impulsos.
O fato é que quando se procrastina algo, o que está sendo procrastinado não está na lista de prioridades ou, de outro modo, não lhe causam atração ou prazer no ato de sua execução. Podemos classificar a procrastinação em dois grandes grupos.
O primeiro, chamado de procrastinação de manutenção, está ligado a ações do dia a dia, que fazem parte da organização diária, pessoal, de sobrevivência e cotidiano. Tarefas e atividades como limpeza e organização de espaços que usa, organização com alimentação, contas, compromissos com datas, etc. Já o segundo, denominado de procrastinação de desenvolvimento, está ligado a melhorias na qualidade de vida e envolve projetos, planos mais elaborados ou propósitos elevados.
Neste grupo podemos citar algo como cursos ou especializações, iniciativas que busquem facilitar ou melhorar a vida de si mesmo e/ou de outras pessoas, aquisições ou status que melhorem o padrão de vida. É importante observarmos que o ato de procrastinar muitas vezes pode estar sendo mal usado quando fazemos a percepção de contexto ou circunstância na qual está sendo apontado. Tomemos um exemplo, se considerarmos, no plano das motivações, que uma atividade que está sendo cobrada ou exigida do grupo do desenvolvimento, como executar uma tarefa ligada à compreensão e análise de um texto, por exemplo, porém a pessoa não teve condições de se alimentar naquele dia, o cerne do problema não é a procrastinação em si com a atividade intelectual, mas sim a questão pontual fisiológica da sua alimentação, pois a segunda é imperativa sobre a primeira.
Uma outra questão que deve ser equacionada quando falamos de procrastinação está relacionada às escolhas. O conjunto de elementos que são expostos como procrastinação dizem respeito a escolhas que foram feitas pela própria pessoa? A pessoa que está procrastinando está identificada com aquilo que ela "tem" que fazer? Se a resposta for não pois não houve um momento de reflexão e decisão acerca da necessidade de se executar a tarefa ou atividade, a procrastinação, neste caso, atua como uma defesa diante de algo que não faz sentido ou não tem significado para o sujeito que está procrastinando. Isto porque se trata de uma exigência "externa" onde não houve um momento de conscientização ou reflexão acerca do significado ou necessidade de executar tal atividade.
É muito importante que o indivíduo se dê conta do que está envolvido no que ele chama de procrastinação pois se forem tarefas com as quais não se identifica ou lhe agradem mas, por outro lado, são necessárias para a sua manutenção de vida torna-se necessário que faça um processo de harmonização entre esses dois conjuntos de forças ora sua organização para continuar vivendo (manutenção) ora reconsiderando as condições que constroem sua trajetória de vida e seus planos mais caros, a longo prazo, na sua existência como indivíduo, sujeito e cidadão.
Fatima Garcia
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