A Depressão do Idoso
A Depressão no idoso – O diagnóstico precoce para viver mais, mas viver bem
Não demora muito para o Brasil ser considerado um país com alto índice de idosos. De acordo com O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2060 o percentual de pessoas com mais de 65 anos passará dos atuais 9,2% para 25,5%. Esse número chama atenção, considerando que teremos 1 idoso para cada 4 brasileiros. Cabe, então, a pergunta que não quer calar: Contaremos com políticas públicas para atender satisfatoriamente essa população? Torna-se preocupante pensar na qualidade de vida desses idosos, já que viver mais não necessariamente quer dizer viver bem.
Entre os males que acometem o idoso, a depressão chama atenção, por conta dos riscos e armadilhas que poderá apresentar. Ela é mais comum em algumas famílias, podendo repetir-se de geração em geração, explica o geriatra João Senger – “Herdada ou não, está frequentemente associada a alterações neuroquímicas no cérebro, principalmente na velhice. Os quadros depressivos podem ter características peculiares entre os mais velhos. Grande parte dos pacientes não relata, objetivamente, sentir tristeza. Eles tendem a apresentar queixas quanto a dores no corpo, alterações no apetite e no sono, perda ou ganho de peso, falta de ar, diarreia, constipação ou má digestão. Também, são comuns sintomas como irritabilidade, ansiedade, perda de interesse, esquecimento e dificuldade de concentração”.
Importante entender que a depressão pode ser atípica e nem sempre o idoso reclama de tristeza, chora com facilidade ou fica desanimado. Muitas vezes, ele nem se dá conta de que está deprimido. No envelhecimento os traços de personalidade se acentuam – a velhice é uma caricatura do que a pessoa foi, relata Senger: “Se você sempre teve o mau humor como um traço marcante, deverá se tornar um idoso mais mal-humorado ainda. Quem sempre foi dócil vai ter essa característica intensificada”
Vale ressaltar que a Avaliação Neuropsicológica, aliada ao acompanhamento médico, poderá contribuir com o paciente idoso, especialmente quando há queixas de transtornos cognitivos, como problemas de atenção, memória, concentração, etc. Esse quadro poderá dificultar o diagnóstico diferencial, entre processos demenciais e a pseudodemência depressiva, uma vez que depressão maior pode cursar com déficits cognitivos. Quanto mais rápida a intervenção, pode-se partir para uma reabilitação, a fim de se preservar algumas funções cognitivas que não foram comprometidas.
De tudo isso, percebe-se que viver bastante poderá ser muito bom, desde que os anos cheguem com qualidade de vida e sejam regados, preferencialmente, com muito amor e alegrias.
Maria Cristina D. Amaral
Psicóloga - CRP 06/102833
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