Afinal, como é uma sessão?
Afinal, como é uma sessão?
Ao decorrer do percurso de me tornar psicólogo e, precedente à isto, meu percurso como estudante da psicanálise, frequentemente sou questionado sobre a maneira de trabalho dentro de um consultório psicológico, ou seja: como é uma sessão com um paciente? O que acontece dentro da sala?
Na minha experiência, tanto como psicólogo e analisando (paciente), a pergunta pouco considera a dinamicidade e a infinitude do objetivo mor da psicologia, que, à meu ver, se resume na investigação do desconhecido inconsciente. Dado isto, formular uma resposta sucinta e verdadeira parece algo difícil.
Em uma sessão, paciente e analista juntos mantêm uma relação profissional e respeitosa, para assim poder observar qualquer cadeia associativa inconsciente. Na medida em que o paciente associa livremente, ou, em outras palavras, comunica seus pensamentos no momento da sessão, independentemente do conteúdo deles, cabe ao analista escutá-lo, também sob um estado de leveza. Períodos de silêncio, diálogos ou memórias, podem provar ser rica oportunidade de observar o desconhecido. Todo momento se torna único e singular no contexto da sessão. Comunicações aparentemente mais superficiais de um paciente podem revelar toda uma cadeia de pensamento inconsciente por trás. Mostrando-se atento, o profissional pode assim observar e comunicar aquilo que apreende da sessão, criando uma experiência emocional. Desta experiência, o paciente possivelmente tem oportunidade de aprendizagem, de dar sentido à suas emoções a partir da comunicação de seu psicólogo. Aqui, para esclarecer o que escrevi até agora, relembro a famosa frase de Sigmund Freud a respeito da mente humana, em sua obra “Conferências Introdutórias à Psicanálise”:
“Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, se convence que os mortais não podem ocultar nenhum segredo. Aquele que não fala com os lábios, fala com as pontas dos dedos: nós nos traímos por todos os poros.”
Tendo isto em vista, acho crucial ressaltar que cada paciente é um paciente único. Aspectos da técnica de um psicólogo são importantes, mas devemos sempre nos lembrar de compreender que cada paciente é individual à sua maneira. O trabalho dentro de uma sessão exige uma inevitável aceitação por parte do psicólogo do desconhecido dentro da sessão que, apesar da preparação teórica do profissional, a experiência prática sempre demonstra o “não saber” prevalecendo sobre o saber. Com isto, acontece que cada sessão, mesmo que seja com o mesmo paciente, deve ser enxergada como uma experiência inédita: Um novo dia proporcionando um novo trabalho a ser realizado, tão vasto é a dimensão da emoção humana. Ainda que seja o mesmo paciente, o mesmo consultório, e o mesmo profissional, a alma está em constante mudança, e o que podemos fazer é aceitá-la, observar e aprender.
Então, sempre que sou questionado sobre como é uma sessão de terapia com um paciente, penso que não há uma resposta. Se você tiver curiosidade de como se dá este processo de terapia, tão único a cada pessoa, a minha recomendação permanece sempre a mesma: procurar um psicólogo e experimentar.
Marcelo Seara Medeiros
CRP: 06/191614
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